
Um domingo. Um domingo nublado. Roupas a serem pegas no varal e louças pra lavar. Não era um bonito dia.
Em uma caminhada pela beira do rio Sophia observava os caracóis, ligeiros e saltitantes, destoando das gosmas com carapaças que já lhe eram convenientes. Tudo estranhamente, bem, esquisito.
As árvores faziam o tradicional vai-e-vem dos galhos, na verdade, tradicional se não marchassem envolta de um riacho. Que por sinal apresentava uma coloração curiosamente, bem, esquisita. Bom, era um domingo? Uma dúvida que perdeu a significância em seu caixote de pensamentos. Já nem se lembrava do que era o tempo muito menos de domingos. Estava num mundo, se possível, mais incrível estupendo que de Alice.
Com o passar do tempo Sophia observou que não andava mais, estava deslizando pela atmosfera em meio as.. as baleias? Sim baleias! Em diversos tons de amarelo e azul. Que após a um belo show, com direito a muitas cambalhotas, cochicharam algumas palavras que lhe faziam cosquinha no canto do ouvido.
- Molhando? É isso? Não estou entendendo Dona Baleia. É um belo dia, vejam o sol, não existe isso! – questionava a menina
Sophia estava leve demais pra se preocupar com o que mamíferos enormes e voadores lhe diziam. Era hora de curtir cada segundo do voo rumo à.. bom era um voo, um voo magnífico.
Não, já não podia ser um domingo, domingos são agoniantes e aquele dia estava sendo extraordinário! Não era domingo.
Em um golpe de instante tudo começou a circular em volta da menina-moça, deixando-a estática. As nuvens foram caindo sobre seu corpo a jogando em direção a um lago.
- É A CHUVA, VÁ DEPRESSA. CORRA SOPHIA. ACORDE SOPHIA – tentavam lhe avisar.
E a menina-moça precipitou de sua rede rumo ao chão.
Bom, era um domingo. Um domingo chuvoso. Roupas molhadas no varal e louças pra lavar. Não era um bonito dia.