domingo, 2 de janeiro de 2011

o domingo dos sonhos



Um domingo. Um domingo nublado. Roupas a serem pegas no varal e louças pra lavar. Não era um bonito dia.

Em uma caminhada pela beira do rio Sophia observava os caracóis, ligeiros e saltitantes, destoando das gosmas com carapaças que já lhe eram convenientes. Tudo estranhamente, bem, esquisito.

As árvores faziam o tradicional vai-e-vem dos galhos, na verdade, tradicional se não marchassem envolta de um riacho. Que por sinal apresentava uma coloração curiosamente, bem, esquisita. Bom, era um domingo? Uma dúvida que perdeu a significância em seu caixote de pensamentos. Já nem se lembrava do que era o tempo muito menos de domingos. Estava num mundo, se possível, mais incrível estupendo que de Alice.

Com o passar do tempo Sophia observou que não andava mais, estava deslizando pela atmosfera em meio as.. as baleias? Sim baleias! Em diversos tons de amarelo e azul. Que após a um belo show, com direito a muitas cambalhotas, cochicharam algumas palavras que lhe faziam cosquinha no canto do ouvido.

- Molhando? É isso? Não estou entendendo Dona Baleia. É um belo dia, vejam o sol, não existe isso! – questionava a menina

Sophia estava leve demais pra se preocupar com o que mamíferos enormes e voadores lhe diziam. Era hora de curtir cada segundo do voo rumo à.. bom era um voo, um voo magnífico.

Não, já não podia ser um domingo, domingos são agoniantes e aquele dia estava sendo extraordinário! Não era domingo.

Em um golpe de instante tudo começou a circular em volta da menina-moça, deixando-a estática. As nuvens foram caindo sobre seu corpo a jogando em direção a um lago.

- É A CHUVA, VÁ DEPRESSA. CORRA SOPHIA. ACORDE SOPHIA – tentavam lhe avisar.

E a menina-moça precipitou de sua rede rumo ao chão.

Bom, era um domingo. Um domingo chuvoso. Roupas molhadas no varal e louças pra lavar. Não era um bonito dia.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

língua de carol

Papai e mamãe. Era o que mais queriam que falasse. Todos insistiam “fala Carol, fala pra mim”. Deixando-me com uma sensação estranha, acho que era medo. Se quando eu murmurava algo do tipo já gritavam feitos loucos e quando falasse? Meu Deus!

Aprendi, com muitas mordidas na língua, mas saiu. Estava sendo possuída, tudo eu falava: quando comia falava; na escola falava; em casa falava. Que coisa louca, tão louca que parava de respirar por uns instantes para falar, e só quando roxa ficava, o ar tomava o lugar das palavras. Viciei! Como um Bis, não dava pra saborear apenas uma.

Meus pais, que tanto me incentivaram a falar, hoje me mandam calar. Dizem que falo exageradamente, eu não acho; dizem que sou franca, mas isso é um problema? Se me perguntam se tá feio e digo que sim acham ruim. Então por que perguntam?
Eu que não fico calada. Depois de meses me mandando falar querem que eu minta? Ou pior, omita?

Falo que tá feio ou bonito, gordo ou magro, sé é burro ou inteligente. Perguntou eu falo, se não, eu falo também.

sábado, 25 de dezembro de 2010

entrilhados

Deparava-se no fim da linha, ou melhor, na linha. A pele outrora rosada, virgem, estava em meio à sujeira, à podridão, era o fundo do poço. Não, o fim da linha.
Thomas tinha seus dias como típicos de fim feliz: os menores brincavam pela casa; o maior tocava na sala o lustroso piano. Sua mulher, sempre a sua disposição.
Todas as tardes seu amigo, Dirceu, o visitava. Em umas delas, a última, Thomas anunciava com extrema felicidade a chegada de mais um herdeiro. Em um tom de espanto, com margem de tristeza Dirceu comentou com um “que bom”.
Já era noite quando em sua casa recebeu do menor um envelope. Lendo, não podia acreditar, as linhas amargas não acabam. Dirceu declarava-se responsável pela gravidez de Elizabete. Não conseguia crer, a pureza de sua vida tinha sido arrancada, dilacerada pelo seu melhor amigo. Como não bastavam as desculpas, Dirceu contou que ele e sua amada esperavam o trem. Não estavam fugindo, estavam no fim da linha, na linha, à espera do fim.

se devo continuar rabiscando

De início vou deixar claro que não sou nenhum escritor, sou apenas um cara que gosta de se expressar de alguma forma, sendo a mais nova a escrita.
Vou postar de início algumas redações que fiz, onde os textos me agradaram.
Os comentários serão de grande importânica para saber como estou indo, e se devo continuar rabiscando.